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A pandemia da Covid-19 e o consequente isolamento social adotado em grande parte do Brasil e do mundo provocaram grandes mudanças no mercado de seguros de vida e de saúde, ou seja, seguros de pessoas. O senso de urgência e a necessidade de uma solução de proteção fez com que muitos procurassem entender melhor o funcionamento da previdência privada e dos seguros de pessoas. Por outro lado o cenário de crise sanitária também tirou beneficiários deste mercado, principalmente os que contavam com a cobertura corporativa do seguro, devido à perda do emprego. Apesar dos desafios, o setor cresceu acima de outros ramos.
Para debater sobre o assunto e falar sobre a tendências dos seguros de pessoas, sete entidades da área de seguro de pessoas e benefícios se reuniram em um webinar organizado pelo Clube Vida em Grupo São Paulo (CVG-SP). São elas: CSP-BA, CSP-MG, CVG-ES, CVG-RJ, CVG-RS, CVG-SP e ISB (PR).
No encontro os presidentes das entidades reconheceram o ótimo desempenho das corretoras e seguradoras diante dos desafios impostos pela pandemia. Em um momento tão delicado foi comentado que as instituições deram exemplo ao liberar indenizações para quem estaria de alguma forma excluído, bem como em abrir discussões para adaptação dos novos contratos.
O segmento com alto poder de adaptação mostra sua força e potência no objetivo maior de amparo e proteção aos segurados.
Mudança de hábito e perfil do consumidor de seguro de vida
No webinar os representantes das entidades de seguro de pessoas também avaliaram a mudança de comportamento do consumidor.
Diante do impacto de uma pandemia nunca antes vivida pela maioria da população, muitas pessoas sentiram na pele a incerteza e a fragilidade da própria vida.
Passaram então a buscar alternativas para se proteger e resguardar seus familiares. A reflexão sobre o momento de urgência trouxe à tona a necessidade de um seguro de vida adequado para dar um pouco de segurança aos parentes em caso de doença grave ou fatalidade. Também ligou o alerta para a importância de uma reserva financeira para casos de emergência.
O consumidor está cada dia mais ativo e atento às medidas de proteção. Nesse momento, itens de consumo que antes eram considerados como prioritários foram colocados em segundo plano, como forma de proteção, pois nesse “novo normal” a prioridade deve ser resguardar vidas.
Não à toa, o mercado de seguro de pessoas teve um aumento considerável agora em 2020, inclusive entre as pessoas mais jovens.
Procura pelo seguro de pessoas deve continuar alto no cenário pós-pandemia
Neste novo cenário o consumidor tende a ser mais consciente e está mais aberto a receber informações sobre a contratação de seguros de pessoas como instrumento de proteção aos riscos.
Isso aponta uma nova postura perante os produtos e serviços de saúde, que deve permanecer em um cenário pós pandemia. Um comportamento de maior zelo e preocupação com o presente, buscando se resguardar para o futuro.
Mas esse não é o único fator que levou o segmento a considerar a alta demanda para o próximo ano. O investimento em produtos e ferramentas para digitalizar a distribuição de seguros e facilitar a subscrição ajudou a manter os resultados durante a pandemia e não teria motivo para retrocesso.
A subscrição automatizada, com questionários online mais dinâmicos, ajuda a garantir mais adesão e permite que o corretor preste um papel mais consultivo no momento da venda, indicando apólices mais apropriadas de acordo com as necessidades do consumidor.
Isso nos leva a pensar que apostar em inovação tecnológica, iniciativas digitais e programas de treinamentos para os corretores é o dever das seguradoras para atender a essa nova realidade.
Mesmo com esse aumento na demanda, também é importante pensar que a busca por novos públicos na área de seguro de pessoa é um dever de corretoras e seguradoras.
Apesar do impacto que algumas empresas e empreendedores sofreram, micro, pequenas e médias empresas continuam sendo os grandes empregadores, propulsores da economia. Ou seja, trata-se de um nicho próspero para o seguro de pessoas, para o qual o segmento deve olhar com mais atenção e direcionar seus esforços para desenvolver produtos e garantir o acesso.
Tecnologias e formas de subscrição
O mercado de seguros sempre apresentou fácil adaptação às novas tecnologias e transformações digitais e está sempre se adequando para oferecer uma experiência mais simples e completa para seus associados. Um exemplo disso são as plataformas de assistência 24h totalmente conectadas com a tecnologia, que já é oferecida aos beneficiários há alguns anos.
A evolução no ponto de vista de inovação de tecnologia em subscrição foi muito grande, mais ainda nos últimos cinco anos. O efeito ocorreu principalmente no seguro de vida e de saúde, dois produtos que tiveram um avanço muito forte, com importação de propostas online e declarações de saúde digitais.
O processo de modernização e adequação foi acelerado pela pandemia. E o cenário pelo qual o mundo passa fez com que os brasileiros passassem a experimentar e usufruir com mais intensidade todas essas plataformas de comunicação e recursos tecnológicos que já existiam, mas que ainda não faziam parte da realidade e do cotidiano. Esta abertura ocorreu não somente no setor de seguro de pessoas, mas em diversos outros mercados.
Certamente esse é um dos legados mais importantes da pandemia: a necessidade de andar mais de mãos dadas com a tecnologia, sem temê-la.
Hoje já é possível enriquecer e analisar uma base de dados para tomar decisão de forma automatizada, baseado em dados de mercado e de pessoas.
Esses dados tornam as subscrições, antes binárias em relação ao risco, em um fator impulsionador de negócio. Existe uma acessibilidade maior, com diversas formas e modalidades de avaliações que permitem analisar e aceitar riscos que até pouco tempo atrás eram excluídos do mercado. Dessa forma o mundo vai caminhando para uma subscrição mais individualizada.
Outro ponto muito importante a ser observado é a telemedicina. Antes vista com um pouco de receio, mas já era permitida pelo Conselho Federal de Medina, teve muito êxito e utilidade durante a pandemia.
Modelo híbrido de comercialização
A tendência para a distribuição de seguros é para as plataformas digitais. Esse é um processo que vem se desenhando em marcha lenta, suave e progressiva, desde a década de 90, com o advento da internet.
As tecnologias estão se aperfeiçoando cada vez mais rápido e na mesma velocidade as pessoas estão assimilando e se adaptando a elas. É um caminho irreversível.
Mas não há o que temer. Existem diversos benefícios para o uso das tecnologias, como por exemplo, mais agilidade no processo e menores custos.
Além disso quanto mais capacitado esse agente se coloca no mercado, mais preparado ele está para entender a necessidade do cliente e oferecer um produto adequado e de qualidade. A tecnologia, a inteligência artificial e os algoritmos devem trabalhar como aliados no relacionamento e direcionamento de estratégica.
Cada vez mais os clientes precisam de um corretor consultor que ofereça produto e serviço personalizado. Ao fazer isso o profissional vai sempre ser importante para ele.
A transição no setor de seguros ainda é gradual. Muitas pessoas buscam na internet informações sobre empresas e tipos de seguros. Fazem a cotação on-line, mas fecham contrato direto com as corretoras e agentes.
Dessa forma estamos caminhando nesse modelo híbrido de comercialização, com a internet sendo uma porta de entrada e chamariz para o fechamento de contratos direto nas corretoras e seguradoras.
Historicamente, o setor de seguro tem um nível de crescimento mais alto que o país, chegando a alcançar dois dígitos anualmente. Com a retomada da economia, mesmo que lenta, o segmento deve seguir a tendência vista nos últimos anos. O impulso vem, principalmente, do novo perfil do consumidor, das ofertas mais personalizadas de produtos e serviços com mais tecnologia.
Tem muito mercado ainda para ser conquistado e o desafio para os próximos anos é aumentar o acesso da população aos seguros, cobrindo uma fatia maior de pessoas, bens e serviços protegidos de quaisquer riscos seguráveis.