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O mercado de seguros vinha há alguns anos em constante aquecimento e contratações. Em 2020, seguindo o que ocorreu com todos os setores, este mercado também se deparou com turbulências. A pandemia do novo Coronavírus frustrou algumas expectativas das seguradoras, mas também serviu para acelerar caminhos que já estavam sendo trilhados.
Devido à perda de renda de parte da população, a economia global sofreu forte impacto. No Brasil, cuja economia já patinava, o impacto foi grande. Os meses de março, abril e maio foram os mais difíceis e a desaceleração do consumo associado à necessidade de adaptação às pressas frustraram os planos de um setor que seguia otimista.
Mas o otimismo não foi de todo perdido. O mercado de seguros tem o histórico de se comportar de forma resiliente em períodos de crises, apresentando desempenho melhor que a média da economia em geral. Esse ano não foi diferente. Apesar do impacto inicial, as seguradoras conseguiram manter o setor aquecido ao trazer inovações, adequações e novas ofertas de serviço.
Alterações nas demanda e expectativas
O impacto da pandemia gerou uma queda geral no ramo de seguros, mas o segmento mais afetado foi o de automóvel. Houve queda na sinistralidade, consequência das restrições de isolamento social, atrelada à retração de receitas de prêmios, decorrência direta da recessão.
Em contrapartida, o seguro de vida teve aumento significativo durante esse período. A mudança no cenário é reflexo da preocupação com a saúde nesse momento em que todos estão expostos a um vírus altamente transmissível. Ou seja, as pessoas enxergaram no seguro uma forma de proteção, um amparo aos familiares caso venha a ocorrer perda de vidas.
A resiliência dos corretores de seguro durante a crise
No final de junho de 2020, uma pesquisa realizada pela McKinsey avaliou o impacto da pandemia no mercado de seguros. Entre março e maio de 2020, comparado ao mesmo período de 2019, o Brasil registrou uma queda geral de 18% referente ao prêmio direto. Os segmentos que tiveram maior redução foram automóveis (11%) e previdência (34%).
Em relação aos cancelamentos o cenário não sofreu muito impacto. Dos corretores entrevistados, 54% não observaram aumento nos pedidos de cancelamentos de apólices de seguros. Eles também notaram que dos cancelamentos solicitados 38% foi de seguro auto.
O cenário da pandemia teve impactos, porém não devastadores para o mercado segurador assim como ocorreu em outros setores da economia. E isso se deve muito à resiliência demonstrada pelos profissionais de seguros, corretores e administradores durante o período de maior crise e instabilidade da economia, quando ainda era forte a dúvida se seria possível continuar trabalhando na venda de seguros diante do cenário. E principalmente: de que forma essas vendas poderiam ser trabalhadas?
As crises e o seguro
Momentos de crise e incertezas estão muito relacionadas com seguros. Em todos os aspectos da pandemia, desde a saúde em relação à contaminação do vírus até a dimensão econômica, tudo passa pela preservação, seja da vida ou do patrimônio.
Neste contexto, a busca pela proteção se torna natural. Ter um seguro é sinônimo de proteção, enquanto não o ter representa um risco iminente, sem nenhuma assistência garantida durante um período de incertezas.
Esse foi o momento de relembrar a essência do seguro, de proteção financeira e promoção do bem-estar individual.
Só que vender um seguro nunca foi tarefa fácil e por mais que o momento seja propício, a dificuldade continua. Nesse momento, a persistência e determinação dos corretores, com o suporte das seguradoras, foram fundamentais.
O reforço do relacionamento para evitar o cancelamento de apólices, o contato mais próximo, mesmo que digital, com novos consumidores e abertura de novas frentes de negócio foram estratégias fundamentais para atravessar o mar revolto.
Descoberta de novas demandas em seguros
Para se adequar ao novo cenário, o mercado segurador precisou buscar alternativas para se manter aquecido. A necessidade virou oportunidade.
Uma preocupação que aumentou bastante durante a pandemia foi o perigo de ataques cibernéticos, impulsionado pelo aumento das atividades on-line.
Por causa do isolamento as empresas precisaram deslocar seus funcionários para o trabalho em home office e não poderiam arriscar que as informações corporativas ficassem expostas.
Assim o seguro cibernético – antes pouco conhecido e por isso, pouco ofertado – ganhou notoriedade. O produto é promissor e deve permanecer em alta nos próximos anos.
Alta de serviços intermitentes
O chamado “seguro pay per use”, que era pouquíssimo conhecido e ainda em consolidação, também ficou em alta. Com essa modalidade de seguro, o cliente paga apenas pelo tempo em que se precisa do produto.
Se ele tem um seguro auto, por exemplo, com o serviço intermitente, ele é cobrado apenas quando o veículo estiver sendo utilizado.
Faz todo sentido, não? Afinal, não há necessidade de pagar por algo que não está sendo utilizado. O seguro Auto foi um exemplo claro para aqueles que deixaram seus carros na garagem por um longo período. Com a quarentena, aumentou a demanda pela modalidade.
A opção ainda não está disponível para todas as coberturas, mas com o aumento da adesão, é possível que em um futuro próximo surjam novidades.
Boom do mercado digital
No mercado de seguros as soluções tecnológicas já eram bem vistas e aplicadas em pequena escala. Tanto que a tendência para 2020 já era intensificar o uso dessas tecnologias para facilitar a busca e a contratação de produtos e serviços.
Esperava-se permitir que as pessoas pesquisassem, se informassem e contratassem o seguro de 100% online, permitindo mais agilidade e praticidade.
Já havia a expectativa de que as corretoras tivessem uma presença on-line mais forte e precisa para chegar aos clientes de forma mais efetiva.
De fato isso ocorreu. Mas a pandemia deu uma verdadeira guinada digital do setor.
Mais do que se era esperado, o setor colocou grande parte dos corretores em home office. Mesmo diante das dificuldades de adaptação, as seguradoras apresentaram alta eficiência e um avanço enorme de gestão ao manter o padrão de seus serviços de forma remota.
Quem quis contratar um seguro durante a pandemia conseguiu fazer isso on-line sem grandes dificuldades. Tal eficiência na prestação do serviço remoto foi o que contribuiu para que o setor não sofresse com maior queda nas comercializações.
O contato digital, que já era uma tendência, vai seguir ainda mais forte mesmo depois do fim da pandemia.
Isso chama atenção para uma necessidade: as seguradoras e os corretores precisam investir em um serviço mais consultivo. A internet é o local onde os clientes se encontram com as corretoras para fechar as negociações. Mas até lá podem se comportar de maneira prestativa e ficar disponíveis para informar esses consumidores.
Corretores também devem ficar atentos às necessidades da população, estando dispostos e flexíveis para criar novos produtos, junto com as seguradoras, com rapidez para atender às novas demandas que aparecem.
O mundo pós pandemia
Já foram bastante citadas as possíveis tendências para o mercado quando a pandemia acabar. A expectativa é de uma boa recuperação ainda no início de 2021, com a retomada gradual das atividades e aquecimento da economia.
Já é possível notar que algumas práticas que foram iniciadas ou intensificadas durante esse período continuam presentes no cotidiano das seguradoras. Elas devem permanecer marcando uma nova forma de consumo, não só em relação à digitalização.
Em um mundo pós-pandemia poderá haver menor sinistralidade para várias carteiras. As novas demandas, como seguro cibernético e contratações intermitentes, por exemplo, vieram para ficar. Segmentos como saúde e vida, devem ganhar mais relevância no planejamento financeiro das famílias.
A resiliência, determinação e novos modelos mentais para o setor podem e devem permanecer. Com estes fatores, os desafios serão vencidos e novidades no ramo surgirão cada vez mais.